Política

CANTO DO CISNE

No mês em que faz 37 anos, PSDB dará o que poderá significar sua extinção

Partido marcou para amanhã convenção nacional para votar se os tucanos concordam com fusão ou incorporação ao Podemos

O presidente do PSDB em MS, Reinaldo Azambuja, e o presidente nacional do PSDB, Marconi Perillo

O presidente do PSDB em MS, Reinaldo Azambuja, e o presidente nacional do PSDB, Marconi Perillo - Foto: Arquivo

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Fundado no dia 25 de junho de 1988, o Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB) fará amanhã, no Edifício Metrópolis, L2 Sul, Quadra 607, Cobertura 2, em Brasília (DF), a sua 17ª convenção nacional, semipresencial, para decidir sobre sua fusão ou incorporação com o Podemos, de olho nas eleições gerais do próximo ano.

Na prática, qualquer que seja a decisão, o partido, que nasceu ligado à luta contra o regime militar e pela redemocratização do Brasil, tendo como líderes e fundadores o ex-presidente da República Fernando Henrique Cardoso e os ex-governadores de São Paulo Mário Covas e Franco Montoro, poderá decretar sua extinção.

Isso porque o ninho tucano deverá sofrer uma revoada nas 27 unidades da Federação. Diferentemente do que pensa o presidente nacional do PSDB, Marconi Perillo, a maioria dos membros do diretório nacional, parlamentares e delegados estaduais e demais filiados não acredita que a união com o Podemos resolverá a situação da legenda.

Dois, dos três governadores tucanos, já bateram as asas do ninho e foram para o PSD – Eduardo Leite (RS) e Raquel Lyra (PE) –, que era a legenda preferida pela maioria das lideranças do PSDB para fazer uma fusão ou incorporação, em razão da força do partido nacionalmente. 

Entretanto, alegando que o presidente nacional do PSD, Gilberto Kassab, só queria a incorporação, o que significaria o fim do PSDB, o deputado federal Aécio Neves (MG) conseguiu convencer o presidente Marconi Perillo a abrir mão da aproximação com a legenda.

Por ironia do destino, o problema é que a fusão ou a incorporação ao Podemos vai acabar provocando o que Aécio Neves mais temia, ou seja, o fim de um dos partidos mais tradicionais do Brasil depois da redemocratização, pois já é dada como certa a saída do último governador do PSDB, Eduardo Riedel, de Mato Grosso do Sul, para se filiar ao PP, porém, com grande possibilidade de ser o PSD.

Com a saída dele para o PP ou o PSD, quem também está com as malas prontas para deixar o ninho e ingressar no PL é o presidente estadual do partido, o ex-governador Reinaldo Azambuja, que será seguido pelos 44 prefeitos que a sigla elegeu em Mato Grosso do Sul, bem como os 6 deputados estaduais e o 3 deputados federais. 

FIM DE UMA ERA

Desde a redemocratização do Brasil, o PSDB é composto por um grupo diversificado e democrático, pois sempre esteve presente nas eleições e nas participações políticas dos estados, bem como em âmbito federal.

A origem do PSDB está ligada à luta contra o regime militar, pois alguns líderes e fundadores do partido, como Fernando Henrique Cardoso, Mário Covas e Franco Montoro, foram vítimas do período ditatorial e personalidades importantes para a guinada democrática no País.

Essas lideranças compunham a linha de frente da campanha pelas eleições diretas para presidente da República, entre 1983 e 1984, marcando presença em importantes comícios na cidade de São Paulo, que, logo em seguida, foram se espalhando por todo o País.

O grupo que se formava defendia um sistema partidário pluralista e sólido, com vários projetos e partidos em torno da política. Esse grupo, chamado por alguns de “PMDB histórico”, por ter integrantes filiados ao partido de oposição ao regime militar, foi se consolidando cada vez mais.

Logo após as eleições gerais de 1986, com um excelente resultado para o PMDB e com a filiação de muitos políticos ao partido, os “históricos” ganharam engajamento e entenderam que deveriam amadurecer novas ideias para aumentar cada vez mais sua popularidade no campo político.

Os futuros tucanos – nome dado para quem é filiado ao PSDB – formaram então um grupo chamado Movimento de Unidade Progressista (MUP), que defendia ideias como formar uma democracia moderna com regime parlamentarista e mandato de quatro anos para o presidente da República. Elas não conquistaram, porém, o então presidente José Sarney (PMDB), o que aumentou a insatisfação de alguns dentro do grupo.

Todo esse movimento progressista levou, depois de um período, à ideia de se desmembrar do PMDB e formar um novo partido, de cunho social-democrata. E mesmo com uma discussão dentro do partido sobre permanecer ou não, criar um projeto novo ou não, em maio de 1988, as coisas começaram a mudar.

Após a Câmara dos Deputados regulamentar as eleições municipais e, pela nova lei eleitoral, permitir candidatos de novos partidos nas eleições, a tensão para o nascimento de uma nova sigla aumentava.

Foi então que, em 25 de junho de 1988, o Partido da Social Democracia Brasileira foi fundado, com o princípio de prosseguir na luta por mudanças sociais e políticas. Então formado por 40 deputados e 8 senadores, o PSDB começou a sua história.

Os tucanos já tinham alcançado, logo depois de seu nascimento, cadeiras na Câmara dos Deputados e no Senado, o que, segundo os filiados, muito agradava pelo primeiro o. Mesmo assim, o partido foi se moldando aos poucos para que pudesse ocupar mais cargos políticos no Brasil.

Nas eleições presidenciais de 1989, com Mário Covas, o PSDB participou da disputa pela Presidência, ficando em quarto lugar. No ano seguinte, nas eleições gerais, conquistou apenas uma vaga para governador e uma para senador, ambas pelo Ceará.

Foi apenas em 1992 que o partido conseguiu vitória mais expressiva, ao eleger 332 prefeitos, entre os quais, 5 em capitais, ampliando o leque de oportunidades e crescimento nos cargos públicos. No mesmo ano, com denúncias de corrupção e a abertura do processo de impeachment do presidente Fernando Collor, os tucanos se afastaram do Palácio do Planalto.

Com o afastamento de Collor e a oficialização do antigo vice Itamar Franco na Presidência, o PSDB volta a marcar presença na equipe de transição do presidente. Foram mais de três tucanos ativos nos ministérios da Presidência em curso. Em uma dessas pastas, o Ministério das Relações Exteriores, uma figura começa a aparecer para o povo brasileiro.

FHC

Fernando Henrique Cardoso, um dos fundadores do partido, ganhou grande notoriedade no governo: após deixar a Pasta mencionada, ingressou no Ministério da Fazenda. Enquanto ministro da área econômica do País, FHC enfrentava um problema que vinha assolando o Brasil nas últimas décadas: a inflação.

Uma equipe liderada pelo tucano e formada por vários economistas e estudiosos da inflação brasileira se reuniu para firmar alguma medida que contivesse o problema econômico nacional. Foi então que, em fevereiro de 1994, o plano real foi colocado em ação.

O imediato sucesso da contenção da hiperinflação foi importante não apenas para FHC e sua equipe, mas também para o PSDB, que, no ano seguinte, estaria em outro patamar político.

Em 1994, além de ter o seu candidato a presidente eleito, o partido dos tucanos elegeu 6 governadores, 11 senadores, 63 deputados federais e mais de 90 deputados estaduais pelo País. Foi o melhor resultado da história do PSDB, que obteve a maioridade eleitoral.

No fim do primeiro mandato, houve a aprovação de uma emenda que garantia a reeleição para cargos do Poder Executivo. Isso permitiu que FHC fosse reconduzido à Presidência, tornando-se o primeiro presidente reeleito e com duas vitórias em primeiro turno.

Porém, apesar do histórico de sucesso do partido e da participação em disputas acirradas à cadeira de presidente desde 2002, o ano de 2022 foi o pior em resultados do PSDB desde sua fundação.

De 10 governadores eleitos em 2010, os tucanos aram para apenas 3 na última eleição (RS, MS e PE).

Além disso, foram eleitos somente 13 deputados federais e 4 senadores. A pior derrota foi no estado de São Paulo, onde o partido governou de 1995 até o fim do mandato em 2022, já que não conseguiu mais quatro anos no governo.

Os tucanos foram perdendo espaço a partir do momento em que se configuraram contrários ao governo, nos anos do PT no poder, principalmente no período em que Lula esteve na Presidência.

Desde então, os resultados vêm piorando. Comparado a 2018, em 2022, o partido teve menos deputados federais eleitos, indo de 24 para 13. Além disso, não elegeu nenhum senador e contará com apenas quatro filiados no Senado, ainda por completar o mandato de 8 anos.

SAIBA

De acordo com as diretrizes do PSDB, a escolha do tucano teve três razões principais: 1º) o tucano de peito amarelo lembra a cor da campanha das eleições diretas; 2º) o tucano é um dos símbolos do movimento ecológico e da defesa do meio ambiente; 3º) por ser uma ave brasileira, traz identificação com o partido.

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ENTREVISTA

"Esses edifícios criarão caos no trânsito e nos serviços públicos no entorno do Parque dos Poderes"

A vereadora Luiza Ribeiro (PT) lembrou que o MPMS já solicitou que cessem imediatamente qualquer novo empreendimento vertical nessa região de Campo Grande

14/06/2025 10h00

A vereadora Luiza Ribeiro (PT) concedeu entrevista exclusiva ao Correio do Estado

A vereadora Luiza Ribeiro (PT) concedeu entrevista exclusiva ao Correio do Estado Foto: Gerson Oliveira/Correio do Estado

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A vereadora Luiza Ribeiro (PT), integrante da Comissão Permanente de Meio Ambiente da Câmara Municipal de Campo Grande, concedeu entrevista ao Correio do Estado para falar do risco da instalação de empreendimentos verticais na região do entorno do Parque dos Poderes.

Ela reforçou que a proteção ambiental do Parque Estadual do Prosa, do Parque das Nações Indígenas e do Parque dos Poderes sempre esteve na pauta dos ambientalistas, que não vão deixar que ocorra a instalação de empreendimentos imobiliários verticais na região.

Vereadora, em que pé está hoje o debate sobre as construções verticais na área de amortecimento do Parque Estadual do Prosa?

A proteção do Parque Estadual do Prosa, do Parque das Nações Indígenas e do Parque dos Poderes sempre esteve na pauta dos ambientalistas e das pessoas que querem uma cidade com desenvolvimento, mas com respeito tanto às normas ambientais como às normas urbanísticas. Então, nós amos uns anos discutindo sobre a pretensão do governo estadual e do Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul (TJMS) de fazerem construções dentro do Parque dos Poderes. Graças a Deus, tivemos uma decisão judicial favorável a não construção naquele parque.

Agora, nos surpreendemos com decisões, que começaram a ser proferidas pela Planurb [Agência Municipal de Meio Ambiente e Planejamento Urbano]desde o ano ado, que autorizam a construção de vários empreendimentos imobiliários verticais de muitos apartamentos ou salas comerciais exatamente na chamada zona de amortecimento do Parque Estadual do Prosa.

Esse parque é uma reserva ambiental legalizada em Mato Grosso do Sul, incluído em um sistema nacional de Unidades de Conservação, e tem uma proteção especial, não sendo permitida, pelas legislações federal, estadual e municipal, a edificação concentrada naquela região porque isso traz impactos à natureza.

Nós temos uma fauna muito vasta lá, temos mais de 250 espécies de pássaros catalogadas ali que precisam de correntes migratórias para estarem aqui na nossa cidade, portanto, há todo um elemento, um arcabouço legal que proíbe que essa área seja utilizada como qualquer outra área da cidade para intensa verticalização de construções.

O Plano Diretor de Campo Grande, que é uma lei municipal, também compreende aquela área, chamada de Zona 3, como não própria para intensa urbanização. Ao contrário, ali é uma área que ite moradia, que ite construção de empreendimentos, mas não o adensamento populacional alto, por isso, o Plano Diretor de Campo Grande é uma norma que direciona para onde a cidade deve crescer, e o adensamento populacional está indicado para as zonas 1 e 2. A Zona 3, que é exatamente onde está a região do Parque Estadual do Prosa, não é uma área que está destinada ao adensamento populacional.

Por isso, nós estamos vendo a prefeitura, em vez de ser um órgão fiscalizador e regulador do adequado crescimento da cidade, fazer o contrário, criando ilegalidades com as permissões que autorizam as grandes construtoras a erguerem prédios verticais.

Fomos surpreendidos com a permissão de mais de 20 empreendimentos imobiliários de alta densidade populacional, o que vai provocar um impacto ambiental e urbanístico muito grave naquela região. Além de ser um prejuízo para aquelas pessoas que são, vamos dizer assim, iludidas com a compra de uma moradia, que é um imóvel caro e de alto padrão.

Esses edifícios criarão caos no trânsito e nos serviços públicos do entorno do Parque dos Poderes, pois aquela região não está estruturada para um grande adensamento populacional, o que, em vez de valorizar a propriedade, vai ser um problema para os proprietários desses apartamentos.

Por isso nós estamos alertando a sociedade para que não caia nessa conversa de que vai comprar um apartamento de padrão alto na região do Parque dos Poderes e terá uma vantagem patrimonial. Isso não é verdade. A cidade vai ter um prejuízo ambiental e urbanístico, enquanto o dono de imóvel vai ter o seu bolso lesado, se fizer um investimento nessa área.

Na sua avaliação, esses empreendimentos verticais podem trazer danos irreparáveis para a preservação ambiental e desrespeitar o Plano Diretor de Campo Grande?

Impulsionados pela reclamação de ambientalistas, arquitetos e construtores mais conscientes, a Câmara Municipal de Campo Grande fez, por meio da Comissão do Meio Ambiente – eu fui a proponente –, fez uma audiência pública no dia 4 de abril deste ano.

Como resultado dessa audiência pública e de algumas representações, o MPMS, por meio de duas promotorias ambientais, expediu recomendações, tanto ao governo como à Prefeitura de Campo Grande, para que realizassem várias ações de proteção a essa região e também de cumprimento das determinações urbanísticas, especialmente a Planurb, para que cessem imediatamente e suspendam licenças já concedidas para qualquer novo empreendimento vertical nessa região, para evitar disputas judiciais e outros prejuízos à cidade e aos investidores.

Essa expansão imobiliária na região já é alvo de investigação do MPMS, que instaurou um inquérito civil para avaliar as consequências dessa verticalização. Quais os desdobramentos disso?

O Ministério Público já instaurou vários procedimentos para investigar aspectos ambientais e também aspectos urbanísticos, e o primeiro efeito foi a expedição conjunta, por duas promotorias diferentes, de recomendações ao Estado e ao município.

Essas recomendações foram expedidas no dia 8 de abril, estão publicadas no Diário Oficial, e esses órgãos já foram intimados. Como são recomendações estruturantes, foi concedido prazo de 60 dias para que essas autoridades, tanto o governador Eduardo Riedel [PSDB], como o secretário de Estado de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação, Jaime Verruck, bem como a prefeita Adriane Lopes [PP] e a diretora-presidente da Planurb, Berenice Maria Jacob Domingues, possam se manifestar quanto ao cumprimento das determinações.

Por enquanto, nós estamos aguardando as respostas e movimentando a sociedade em torno de conhecer esse problema que a cidade a, porque muita gente não tem conhecimento desta situação, e, a partir da informação, se mobilize, assinando um abaixo-assinado que pede exatamente para que não sejam feitas construções verticais que adensem aquela região de forma a colocar em risco a natureza e a vida urbana.

Moradores dos bairros Santa Fé, Chácara Cachoeira, Jardim Veraneio e Carandá Bosque estão se mobilizando para evitar que esses empreendimentos verticais cheguem nas suas regiões, que atualmente são residenciais. Como é possível ajudá-los?

O morador da região é o mais importante, o morador da cidade é o mais importante, porque as pessoas são as personagens que devem ser protegidas no contexto da construção de uma cidade. Então, é muito bonito ver os moradores se reunirem em associação, buscarem saídas, como provocar o Ministério Público, provocar a Câmara Municipal e participar de audiências lá na prefeitura.

Nós estamos apoiando esse movimento dos moradores da forma que a Câmara pode apoiar, abrindo o debate e criando condições de um amplo diálogo, mas também assessorando tecnicamente os moradores quanto ao direito deles e quanto ao dever da istração, que é exatamente o que nós estamos questionando.

Neste momento, a Prefeitura de Campo Grande está promovendo, de uma forma irresponsável, um adensamento naquela região, que prejudica o proprietário morador, que prejudica o meio ambiente, que prejudica o futuro da cidade, e nós não podemos permitir isso, porque os impostos são pagos para a prefeitura para que ela organize os serviços cumprindo a lei federal, municipal e estadual. E o que nós estamos vendo é que a Prefeitura, sei lá por qual interesse, está promovendo autorizações para as construtoras fazerem empreendimentos imobiliários verticais ali, sem nenhuma condição legal, ambiental ou urbanística.

Mesmo com todos esses riscos, mais de 20 empreendimentos verticais foram liberados para essa região. A senhora acredita que há um lobby das grandes construtoras de edifícios residenciais que atuam em Campo Grande para explorar essas regiões?

Na audiência pública que realizamos, convidamos as apresentações dos consultores que estiveram na Casa de Leis e, naturalmente, fizeram a defesa do ponto de vista deles, que eles entendem que é possível a construção de tantos prédios verticais lá na região da zona de amortecimento do Parque dos Poderes.

Nós não podemos provar ou indicar qualquer indício de que há, por parte destas empresas, lobby de convencimento de servidores ou de gestores para as liberações sem observância da lei. Mas isso está a cargo do Ministério Público observar. Aqui, na Câmara Municipal, por enquanto, ainda não chegou para nós nenhuma denúncia ou indício que possa indicar um comportamento, seja da prefeita, seja das equipes que despacham nesses processos, que autoriza as construções ou qualquer desvio direto na conduta do servidor.

É claro que a gente tem sempre de observar. Até agora nós estamos tomando as decisões da prefeitura como equívocos, decisões equivocadas que precisam ser corrigidas, e não diretamente como uma conduta ilícita do servidor público por meio de convencimento sendo feito de maneira não determinada pela lei. O servidor público tem que dar uma decisão com base no seu entendimento e aplicar as leis que estão vigentes no País e aqui em Campo Grande.

Nós não podemos imaginar que servidores públicos da prefeitura ou a própria prefeita tenham constituído qualquer tipo de relação com o setor produtivo da construção civil para burlar as leis e obter com isso vantagens econômicas.

Mudando de assunto, a senhora faz parte da I do Ônibus. Como o trabalho dessa comissão pode melhorar a qualidade do serviço prestado em Campo Grande?

A I é muito importante porque a Câmara é a representação da sociedade. As pessoas prestam muita atenção no que acontece aqui, no âmbito do Legislativo. E a I já era uma reclamação há muito tempo, porque a sociedade percebe um serviço de péssima qualidade, que custa caríssimo para Campo Grande, custa caro para os moradores, para os usuários, e o serviço não melhora, atrasando o desenvolvimento da nossa cidade.

Portanto, uma Comissão Parlamentar de Inquérito é capaz de mostrar para as pessoas quais são os gargalos que ocorrem verdadeiramente e como resolvê-los. Por isso, organizamos uma I que, na nossa opinião, está indo muito bem.

A primeira fase foi demonstrar para a sociedade quais são os problemas na gestão da prefeitura. Nós comprovamos que a prefeita e os prefeitos anteriores não fizeram a sua parte no que se refere ao cumprimento do contrato. Isso, eu estou falando da fiscalização dos serviços.

Só para você ter uma ideia, a I revelou que, durante 12 ou 13 anos de vigência desse contrato, apenas uma auditoria foi realizada e três estudos técnicos pontuais, o que significa que a prefeitura simplesmente não cumpriu a sua obrigação de fazer a regulação do serviço, fazer a fiscalização desse serviço e do prejuízo ao usuário, à cidade, ao nosso desenvolvimento.

Então, a I já traz transformações, porque ela mostra para a cidade os problemas, e já estamos tendo alguns resultados, como, por exemplo, a determinação recente da prefeita para que o consórcio, em 30 dias, e já vai vencer o prazo daqui a 15 dias, faça a substituição de 98 veículos. Até agora, nós não tivemos a resposta da empresa, mas esperamos que ela cumpra. Se não cumprir, que a prefeita tome a decisão que deve tomar. 

Há um grande temor da população de que a I do Ônibus possa acabar em pizza. Como evitar que isso aconteça?

Essa é uma expressão muito usada quando tem Is, mas a tradição aqui da Câmara de Campo Grande é de ter feito sempre Is que tiveram muito resultado para a cidade. Eu me lembro da I do Câncer, do Hospital de Câncer, em que, inclusive, por coincidência, eu e o vereador Junior Coringa (MDB) trabalhamos juntos também.

Nós trouxemos mudanças estruturantes para a saúde das pessoas que estão com câncer em Campo Grande. Até hoje, as nossas decisões na I têm repercussões, com efeitos importantes para quem está com essa doença. Reorganizamos todo o serviço, no Hospital do Câncer, no Hospital Regional, no próprio HU [Hospital Universitário]. O Ministério Público entrou com ações e puniu, a Justiça fez ações criminais contra os responsáveis.

Portanto, nós temos uma tradição de ter bons resultados. Nessa I, nós também esperamos ter bons resultados. Vamos fazer um relatório em que constem todas essas questões. Aquilo que foi verificado como prevaricação, a gente já tem bem caracterizada a conduta ilegal do diretor da Agetran [Agência Municipal de Transporte e Trânsito]. Pedimos que a prefeita demita o diretor, e essa falta de ação dela pode gerar, inclusive, responsabilização, por não estar tomando a providência adequada.

Nós verificamos que o presidente da Agetran prevarica na ação pública que ele está lá para realizar, permitindo que os ônibus rodem com superlotação sem serem interceptados pela fiscalização. Além disso, também revelamos uma atividade de superexploração do trabalho dos empregados, e nós vamos levar ao conhecimento do Ministério Público do Trabalho, assim como vamos levar ao conhecimento do MPMS as demais condutas ilegais.

Então, achamos que podemos melhorar o transporte porque a sociedade se apropria das informações, não tolera mais aquelas ilegalidades, e aí as outras autoridades, inclusive do Poder Judiciário, vão buscar as alternativas para punir aqueles servidores que foram desidiosos com o contrato, tanto nesta gestão quanto nas anteriores. E também punir o consórcio pelas condutas ilegais.

Perfil - Luiza Ribeiro

Natural de Penápolis (SP), é formada em Direito Processual Civil e tem especialização em Gerência de Cidades pela Faculdade Álvares Penteado (Faap/SP). Foi superintendente do Procon-MS, quando fundou a Casa do Consumidor, secretária de Estado de Justiça e Cidadania no governo de Zeca do PT e presidente da Funsat de Campo Grande.

Exerceu seu primeiro mandato de vereadora em 2013. Em 2023, reassumiu um mandato na Câmara Municipal como suplente e, em 2024, foi a 12ª vereadora mais votada, reeleita com 4.982 votos.

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Mensagem

Comitiva de MS em Israel está "bem e em segurança", diz secretário; veja vídeo

Pelas redes sociais, Ricardo Senna pediu orações e disse que toda delegação está protegida

14/06/2025 09h00

Prédios atingidos por ataques iranianos em Tel Aviv

Prédios atingidos por ataques iranianos em Tel Aviv Foto: Reprodução (X)

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Em meio aos conflitos entre Irã e Israel, uma comitiva de Mato Grosso do Sul presente em Tel Aviv, capital israelense, aguarda retorno ao Brasil após o país atacar o Irã na quinta-feira (12).  Por meio de suas redes sociais, Ricardo Senna, secretário executivo de Ciência e Tecnologia, tranquilizou os sul-mato-grossenses e disse que a comitiva segue em segurança.

Entre os integrantes da comitiva também estão Christinne Maymone, secretária adjunta da Secretaria de Estado de Saúde (SES), Marcos Espíndola, responsável pelo setor de tecnologia da pasta. O grupo integra a Missão Internacional do Consórcio Brasil Central em Israel, que estava prevista para acontecer entre 7 a 14 de junho. 

Senna aproveitou a ocasião para descrever como o governo local tem lidado com os ataques aéreos do país vizinho.

“É um processo muito bem trabalhado pelas forças israelenses, que detectam os mísseis quando lançados, identificam as regiões, e antecipadamente disparam um alerta. Se soar o alarme, você tem 1min30seg para ir até o abrigo. Como nós estamos no hotel, cada andar tem um abrigo, inclusive no subsolo. Mais uma vez, quero agradecer, estamos bem, estamos em segurança, agradeço a todos pelas mensagens e orações que vocês tem feito”, declarou o secretário, que disse não ser possível ouvir e nem perceber os ataques na região em que estão.

 

Por sua vez, o consórcio também se manifestou sobre o ocorrido e disse monitorar os brasileiros. 

Leia a nota na íntegra:

O Consórcio Brasil Central informa que sua comitiva, atualmente em missão oficial em Israel, encontra-se em segurança e em constante articulação com o Ministério das Relações Exteriores de Israel, com a Embaixada do Brasil em Tel Aviv e demais autoridades brasileiras, buscando soluções seguras e responsáveis para o retorno da delegação diante do cenário delicado que se desenha na região. A missão oficial, prevista para ocorrer entre os dias 7 e 14 de junho, foi realizada a convite do Governo de Israel, com o apoio da Embaixada de Israel no Brasil, visando fortalecer a cooperação internacional e promover a troca de experiências em áreas estratégicas para o desenvolvimento da região do Brasil Central. A agenda, que trouxe resultados positivos, contemplou encontros de alto nível com autoridades israelenses, incluindo o Presidente Isaac Herzog e a Primeira-Dama Michal Herzog, além de visitas técnicas voltadas às áreas de segurança pública, saúde, inovação tecnológica, agricultura e desenvolvimento social. Reiteramos que a integridade e a segurança da comitiva é prioridade absoluta neste momento e que todas as medidas estão sendo adotadas com prudência, responsabilidade e atenção total ao cenário internacional. O Consórcio reafirma seu compromisso com a busca de soluções que promovam o desenvolvimento regional, o bem-estar da população e a construção de parcerias internacionais sustentáveis.

O confronto

Na noite de quinta-feira (12), as Forças de Defesa de Israel atingiram dezenas de alvos no Irã. Explosões foram registradas em Teerã e em outras cidades do país. Os militares afirmaram que o objetivo da operação era impedir o avanço do programa nuclear iraniano. O regime iraniano ameaçou Israel e Estados Unidos, ao afirmar que os países iriam "pagar caro". O líder supremo iraniano, o aiatolá Ali Khamenei, disse que Israel receberia "um destino amargo".

No dia seguinte, depois que as Forças israelenses realizaram uma segunda ofensiva, o Irã lançou centenas de mísseis balísticos. Vídeos mostraram o momento em que alguns deles atingiram Tel Aviv e furando o sistema de defesa do país rival.

Pedido de paz 

O Papa Leão XIV demonstrou "grande preocupação" com os ataques entre Israel e Irã neste sábado e apelou para que a comunidade internacional trabalhe para construir caminhos de reconciliação. O pontífice ainda pediu "responsabilidade" de iranianos e israelenses para com o próprio povo e o mundo, e "razão" para não cederem ao que chamou de "fúria cega".

"Ninguém jamais deve ameaçar a existência de outro. É dever de todos os países apoiar a causa da paz, abrindo caminhos de reconciliação e promovendo soluções que garantam segurança e dignidade para todos", afirmou o pontífice neste sábado na Praça de São Pedro, em Roma, após realizar sua primeira Audiência Jubilar desde que assumiu a liderança da Igreja Católica em 8 de maio.

Leão XIV também reforçou o apelo de "construir um mundo mais seguro e livre da ameaça nuclear", que deve ser buscado "por meio de um encontro respeitoso e de um diálogo sincero para construir uma paz duradoura, fundada na justiça, na fraternidade e no bem comum".

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