Política

SEM CONTROLE

Em 5 anos, valor destinado via "emenda Pix" ao Estado cresceu mais de 15 vezes

No período, conforme levantamento no Siop, a bancada federal de MS mandou R$ 374.375.350,00 para a execução de obras e serviços

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Nos últimos cinco anos, ou seja, de 2020 a 2024, o montante destinado para Mato Grosso do Sul via emendas individuais impositivas por meio de transferências especiais, as chamadas "emendas Pix", teve um crescimento de mais de 15 vezes, saltando de R$ 8.620.454,00, em 2020, para R$ 135.904.527,00, em 2024, conforme levantamento feito pelo Instituto Brasileiro de Ensino, Desenvolvimento e Pesquisa (IDP) no Sistema Integrado de Planejamento e Orçamento (Siop), do governo federal, por solicitação do Correio do Estado.

Conforme o levantamento, os senadores e os deputados federais da bancada do Estado enviaram nesse período um montante de R$ 374.375.350,00 para a execução de obras e serviços sem obrigatoriedade de prestação de contas, sendo R$ 8,6 milhões em 2020, R$ 27,5 milhões em 2021, R$ 35,1 milhões em 2022, R$ 167 milhões em 2023 e R$ 135,9 milhões no ano ado.

Esse dinheiro foi destinado ao Estado por essa modalidade de transferência especial, aprovada pelo Congresso Nacional em 2019 e colocada em prática em 2020, para fugir da intervenção política do governo federal na aplicação dos recursos.

Os parlamentares aram a ter autonomia sobre o destino do recurso, que foi enviado para atender suas bases ou mesmo projetos políticos maiores sem que houvesse detalhamento de como os recursos públicos seriam gastos e sem a fiscalização efetiva dos órgãos de controle. 

A "emenda Pix" foge do controle, que é uma obrigação legal em outros tipos de emendas, por envolver dinheiro público. O alerta feito pelo pesquisador Humberto Nunes Alencar, do IDP, que defendeu a tese de doutorado intitulada "O Problema da Falta de Transparência das Emendas Pix no Orçamento Constitucional Brasileiro".

"O problema das 'emendas Pix', que já foi tratado pelo Supremo Tribunal Federal [STF], é a falta de rastreabilidade, ou seja, chega ao município e, muitas vezes, não se sabe qual foi objeto da utilização desses recursos", destacou o pesquisador, citando que há outros pontos críticos, como a desvinculação das "emendas Pix" do planejamento federal de investimentos.

Ele explicou que as demais emendas parlamentares estão dentro de uma programação da União e dos ministérios, enquanto as "emendas Pix" ficam livre de controle para serem usadas pelos municípios.

"Embora não tenha uma fiscalização ativa, as 'emendas Pix' estão dentro da legislação, pois sua criação foi aprovada em 2019 pelo Congresso Nacional", analisou.

Fonte: Sistema Integrado de Planejamento e Orçamento da União (Siop); dados organizados pelo pesquisador Humberto Nunes AlencarFonte: Sistema Integrado de Planejamento e Orçamento da União (Siop); dados organizados pelo pesquisador Humberto Nunes Alencar

De acordo com os dados do Siop, o montante de mais de R$ 374,3 milhões poderia ter sido ainda maior, pois o montante no Orçamento da União reservado para os parlamentares sul-mato-grossenses foi de R$ 417,3 milhões, porém, o governo federal empenhou (procedimento contábil que antecede o pagamento) menos, R$ 410,3 milhões, mas, no fim, acabou pagando R$ 374,375 milhões, uma redução de R$ 35,961 milhões.

MAIOR CONTROLE

No ano ado, o ministro Flávio Dino, do STF, cobrou do Congresso Nacional e do governo federal um maior controle sobre as "emendas Pix" e as emendas das comissões temáticas, o chamado "orçamento secreto", por não especificar quem eram os autores.

O STF chegou a interromper os rees até que fosse apresentado um esquema que garantisse a rastreabilidade dos recursos e suas aplicações. Foram suspensos os pagamentos de 5.449 emendas de comissão, que somavam R$ 4,2 bilhões, até que a Câmara dos Deputados apresentasse as atas das sessões das comissões permanentes da Casa nas quais teriam sido aprovadas as destinações das emendas.

Essa e outras determinações do Supremo foram para dar visibilidade e capacidade de rastreamento às emendas. Desta forma, a Controladoria-Geral da União (CGU) divulgou, no Portal da Transparência, no mês ado, informações como documentos, planilhas e links enviados pelo Congresso Nacional das seções de emenda de comissão (RP8) e de relator (RP9).

A divulgação atendeu à Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) nº 854, que trata do "orçamento secreto", de acordo com o órgão público. Em resposta ao Supremo, em março deste ano, o Congresso Nacional aprovou a Resolução nº 1/2025, que alterou o rito das emendas parlamentares no Orçamento.

Entre as mudanças está que as emendas individuais de transferência especial, as "emendas Pix", devem ser destinadas preferencialmente à conclusão de obras inacabadas, de acordo com a Agência Câmara de Notícias.

Quanto às emendas de comissões, o chamado "orçamento secreto", a resolução diz que elas devem ter caráter institucional e representar interesse nacional ou regional, observando o que diz a Lei Complementar nº 210/2024, sobre ações estruturantes.

Na redação anterior, havia apenas o interesse nacional. Permaneceu vedada a destinação a entidades privadas, salvo se contemplarem programação constante do projeto e, agora, se forem relativas a ações e serviços públicos de saúde.

O Tribunal de Contas do Estado do Paraná (TCE-PR) começou em abril a dar orientações aos prefeitos do estado sobre a aplicação dos recursos públicos que recebem por meio das "emendas Pix".

Para tanto, publicou a Nota Técnica CGF/TCE-PR nº 33/2025.

"Essas emendas não são ilícitas e têm previsão constitucional. O que os Tribunais de Contas estão fazendo com esse trabalho, a partir de decisões do Supremo Tribunal Federal, é contribuir para assegurar a transparência e a rastreabilidade desses recursos públicos", afirmou o presidente da Corte, conselheiro Ivens Linhares, no dia 13 de maio.

SAIBA

Denominadas tecnicamente de emendas individuais impositivas por transferência especial, as "emendas Pix" estão previstas no inciso I do artigo 166-A da Constituição Federal. São destinadas por parlamentares federais para estados e municípios, sem a exigência de convênios ou instrumentos similares. A obrigatoriedade de sua execução foi estipulada pela Emenda Constitucional (EC) nº 86/2015.

Fugiu

'Zambelli pode ser presa a qualquer momento', diz embaixador do Brasil na Itália

A declaração foi dada em entrevista para a Globonews nesta quinta-feira, 12

12/06/2025 20h00

'Zambelli pode ser presa a qualquer momento', diz embaixador do Brasil na Itália

'Zambelli pode ser presa a qualquer momento', diz embaixador do Brasil na Itália Divulgação

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Após o Supremo Tribunal Federal (STF) enviar o pedido de extradição da deputada licenciada Carla Zambelli (PL-SP), o embaixador do Brasil em Roma, Renato Mosca, afirmou que "ela poderá ser presa a qualquer momento". A declaração foi dada em entrevista para a Globonews nesta quinta-feira, 12.

"Há uma mobilização para deter a deputada, porque ela está na lista vermelha de difusão da Interpol. As autoridades judiciais italianas acataram o pedido e, hoje, ela poderá ser presa a qualquer momento", disse o diplomata.

O embaixador explicou que não há uma operação ou um mandado de busca. Conforme as leis italianas, ela não pode ser presa dentro do domicílio onde estiver, como uma casa ou um hotel. Mas a medida pode ocorrer em qualquer lugar que não seja inviolável.

"Há um mandado de prisão provisória para fins extradicionais que é o mandado a partir do pedido da Interpol solicitado pelo governo brasileiro, que foi referendado pelas autoridades judiciais italianas", disse.

Procurada pelo Estadão, a equipe da deputada licenciada não havia se manifestado até a publicação deste texto.

Entenda o pedido de extradição de Zambelli

Após ser condenada a dez anos de prisão e perda do mandato na Câmara dos Deputados por invasão aos sistemas do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), Carla Zambelli deixou o País. Ela seguiu inicialmente rumo aos EUA e, depois, para a Itália, nação em que ela possui cidadania.

Nesta terça-feira, 11, o STF enviou pedido de extradição para o Ministério da Justiça e Segurança Pública. O documento foi encaminhado para o Itamaraty e, em seguida, para a Embaixada do Brasil na Itália, onde foi aceito pelas autoridades locais.

Na nação europeia, o deputado italiano Angelo Bonelli, do Partido Europa Verde, pressiona o governo pelo envio da procurada de volta ao Brasil. Ele já havia pedido a extradição de Zambelli anteriormente.

O presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), também bloqueou os rendimentos da deputada licenciada nesta quinta-feira, 12. O pedido foi feito pelo ministro Alexandre de Moraes, que também determinou a prisão preventiva de Zambelli após a saída dela do Brasil.
 

Política

Três deputados de MS votam contra lei que eleva pena do uso de arma ilegal

O projeto de lei aumenta a pena pela posse ou porte de arma de fogo de uso proibido, como fuzis. A reclusão que antes variava de 4 a 12 anos a a ser de 6 a 12 anos

12/06/2025 10h45

Três deputados de MS votam contra lei que eleva pena do uso de arma ilegal

Três deputados de MS votam contra lei que eleva pena do uso de arma ilegal Kayo Magalhães / Câmara dos Deputados

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A Câmara dos Deputados aprovou na noite da última quarta-feira (11) o projeto de lei que aumenta a pena pela posse ou porte de arma de fogo de uso proibido, como fuzis. A reclusão que antes variava de 4 a 12 anos a a ser de 6 a 12 anos.

A proposta que agora segue para o Senado, recebeu votos contrários de três parlamentares de Mato Grosso do Sul: Rodolfo Nogueira (PL), conhecido como “Gordinho do Bolsonaro”, Beto Pereira (PSDB) e Marcos Pollon (PL).

O texto aprovado é um substitutivo apresentado pelo relator, o deputado Max Lemos (PDT-RJ), ao Projeto de Lei 4149/04, de autoria do deputado Carlos Sampaio (PSD-SP). A nova versão altera trechos do Estatuto do Desarmamento (Lei 10.826/03),ampliando a punição para uma série de condutas relacionadas ao uso ilegl de armamento e explosivos.

Além do porte ou posse de arma de uso proibido, a pena de 6 a 12 anos também valerá para quem: 

  • tirar ou mudar numeração e marcas de identificação de arma de fogo ou artefato;
  • mudar as características de arma de fogo para torná-la equivalente a arma de fogo de uso proibido ou ou induzir policial, juiz ou perito a erro;
  • possuir, fabricar ou empregar artefato explosivo ou incendiário sem autorização legal;
  • comprar ou transportar arma de fogo com numeração, marca ou sinal de identificação raspado, suprimido ou adulterado;
  • vender, entregar ou fornecer arma de fogo, ório, munição ou explosivo a criança ou adolescente;
  • produzir, recarregar ou reciclar, sem autorização legal, munição ou explosivos ou adulterá-los de qualquer forma

Apesar do endurecimento, a pena para posse de arma de uso foi mantida: reclusão de 3 a 6 anos, mais multa. 

Outro ponto do projeto, é o agravamento da pena para disparo de arma de fogo em locais públicos ou habitados, quando for usada a arma de uso proibido. A pena, que hoje é de 2 a 4 anos de reclusão, ará a ser de 3 a 6 anos, além da multa. 

Também haverá punição mais severa para o comércio ilegal e tráfico internacional de armamentos. Se o crime envolver armas, órios ou munições de uso proibido, a pena será dobrada - atualmente o agravante é de 50%. 

Durante a votação, foram rejeitados destaques apresentados por parlamentares dos partidos PL e Novo, que tentavam barrar o aumento das penas. Outros deputados de MS também estavam presentes e votaram a favor do novo texto, entre eles Dr. Luiz Ovando (PP), Dagoberto Nogueira (PSDB), Geraldo Resende (PSDB), Camila Jara (PT) e Vander Loubet    (PT).

O relator acatou emenda que define, na própria lei, o que são armas de uso proibido. Segundo o texto, são aquelas descritas em tratados internacionais dos quais o Brasil é signatário, além de munições incendiárias ou químicas e armas disfarçadas como objetos inofensivos (simulacros). O objetivo é evitar que essas definições fiquem a critério de decretos do Executivo.
Parlamentares da oposição criticaram essa possibilidade, apontando que mudanças por decreto poderiam afetar cidadãos que possuem armas de forma regular.

"É urgente combater as armas ilegais. Mas os que possuem armas de forma legal não podem ser penalizados pela mudança de um decreto", disse o deputado Capitão Alden (PL-BA). 

Max Lemos, no entanto, garantiu que a proposta não atinge os colecionadores, atiradores desportivos e caçadores (CACs). “"À medida que aumentamos as penas para quem utiliza de modo ilegal arma de fogo, estamos protegendo e valorizando os CACs", afirmou.

O deputado Pastor Henrique Vieira (Psol-RJ), vice-líder do governo, defendeu a medida como necessária para enfrentar o tráfico de armas. 

“O crime organizado se alimenta do fluxo de armas ilegais. Ter mecanismos de punição para isso é absolutamente necessário e razoável”, declarou. 

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